Sem discernir bem a realidade da ilusão
A alma ardendo num caldeirão fervente
Numa manhã fria e cinzenta
De repente, você acorda no meio do nada
Olha ao redor, nada novo
A vida continua como sempre foi
Sem deixar saudades, sem levar saudades
Você vira as costas às dores do mundo
E some... precisa dormir para suportar
Mas o sono não vem...
Nas profundezas da alma
Onde ninguém vê ou sente
Há uma guerra em andamento
A consciência é um campo de batalha
Onde o coração e a razão
Lutam entre si, procurando
Um sentido para a vida
A consciência é um campo de batalha
Onde o coração e a razão
Lutam entre si, procurando
Um sentido para a vida
Um pássaro pousa na janela
O rádio toca uma velha canção
Você chora... Você sofre
A noite passou, o dia
amanheceu
E as suas orações, como sempre
Não foram ouvidas, nem atendidas
E as suas orações, como sempre
Não foram ouvidas, nem atendidas
Você tinha tantos
planos, tantos sonhos...
Mas diante da indiferença do mundo
A sua alma se partiu em muitos pedaços
A sua alma se partiu em muitos pedaços
Como folhas de um
poema jamais escrito
Os seus melhores dias e anos
Se perderam na indiferença do tempo
Os seus melhores dias e anos
Se perderam na indiferença do tempo
Você recorda tudo e fica triste
Tenta juntar os pedaços que sobraram
Tenta juntar os pedaços que sobraram
Mas sabe que é perda
de tempo
Não sobrou muita coisa para juntar
Não sobrou muita coisa para juntar
A vida passou sem você perceber
Se ao menos existisse alguém
para te ajudar...
Mas você não quer
ajuda
Agora é tarde, você sabe
E a sua alma está pobre de sorrisos
Agora é tarde, você sabe
E a sua alma está pobre de sorrisos
Você não tem mais sorrisos
para dar
Não tem boas palavras
para falar
Não tem com que comprar a felicidade
Que o mundo te oferece... Tudo te aborrece
Não tem com que comprar a felicidade
Que o mundo te oferece... Tudo te aborrece
Você se sente esquecido e
abandonado
Se ao menos pudesse
dormir e nunca mais acordar...
Mas você continua vivo, e isso é um fato
Mas vivo, você diz para você mesmo, é modo de
dizer
Você já caiu tantas
vezes de lugares mais altos...
Mas não morreu... Não morreu, contudo,
não vive
O coração, acostumado com dores e amarguras
Perdeu a alegria e o gosto pela vida
Você desaprendeu de viver, eis a verdade
Sim, vida ou morte, é tudo uma questão de aprendizado
E o que foi esquecido, com um pouco de esforço, pode ser relembrado
Mas permanece o fato de que é melhor começar de novo
Do que passar a vida tentando refazer melhor, coisas velhas e erradas
Perdeu a alegria e o gosto pela vida
Você desaprendeu de viver, eis a verdade
Sim, vida ou morte, é tudo uma questão de aprendizado
E o que foi esquecido, com um pouco de esforço, pode ser relembrado
Mas permanece o fato de que é melhor começar de novo
Do que passar a vida tentando refazer melhor, coisas velhas e erradas
Sim, você desaprendeu de viver e aprendeu, ou se conformou apenas em existir
Como uma coisa frágil no meio do nada, você tropeçou e caiu
Queria morrer, mas não morreu, mas se quebrou em mil pedaços...
E agora você sabe, é melhor morrer do que viver quebrado em mil pedaços
Como uma coisa frágil no meio do nada, você tropeçou e caiu
Queria morrer, mas não morreu, mas se quebrou em mil pedaços...
E agora você sabe, é melhor morrer do que viver quebrado em mil pedaços
Existe aos pedaços, como a pedra despedaçada pela marreta da existência...
Deveria ter aprendido a renascer e fazer novas todas as coisas
Mas ao invés disso, aprendeu a viver aos pedaços
E encontrou nisso alguma vantagem
Que justifica a miséria da sua condição, e assim vai existindo
Fingindo a dor, imitando sorrisos de felicidade
Sem perceber que morre a cada minuto, hora, dia, més e ano
Desperdiçando os dias e a vida, sonhando para outro realizar
Deveria ter aprendido a renascer e fazer novas todas as coisas
Mas ao invés disso, aprendeu a viver aos pedaços
E encontrou nisso alguma vantagem
Que justifica a miséria da sua condição, e assim vai existindo
Fingindo a dor, imitando sorrisos de felicidade
Sem perceber que morre a cada minuto, hora, dia, més e ano
Desperdiçando os dias e a vida, sonhando para outro realizar
Seus sentimentos estão
presos, acorrentados dentro do peito
Você não suporta mais ter
uma pedra dentro do peito
Todo dia uma erupção ameaça dentro do peito
Todo dia uma tempestade varre a sua alma
Todo dia você acorda no deserto
E não tem para onde ir...
Todo dia uma erupção ameaça dentro do peito
Todo dia uma tempestade varre a sua alma
Todo dia você acorda no deserto
E não tem para onde ir...
O que foi que fizeram
com o seu coração, pobre criatura?
De onde vem tanta tristeza? De onde vem tanta dor? De onde vem tanta raiva?
O mundo? A sua mãe? O seu pai? A sua família? Deus?
Responta, de quem é a culpa pela sua desgraça?
Já se olhou no espelho? Já perguntou quem você é?
Maturidade é olhar para as coisas, para as pessoas e para si mesmo
E saber o que é e o que não é? Quem é você, você sabe?
Pobre criatura, você tem muitas perguntas, mas tem medo de respostas
Quer culpados, mas não tem maturidade para assumir culpas...
Enquanto isso, a vida vai passando como árvore arrancada pela raiz
O mundo? A sua mãe? O seu pai? A sua família? Deus?
Responta, de quem é a culpa pela sua desgraça?
Já se olhou no espelho? Já perguntou quem você é?
Maturidade é olhar para as coisas, para as pessoas e para si mesmo
E saber o que é e o que não é? Quem é você, você sabe?
Pobre criatura, você tem muitas perguntas, mas tem medo de respostas
Quer culpados, mas não tem maturidade para assumir culpas...
Enquanto isso, a vida vai passando como árvore arrancada pela raiz
Indiferente e incapaz de reconhecer a impermanência vazia
Da sua própria inexistência, desperdiça a terra, o céu, o mar e o ar
Todo dia, sem medo de rotina, os pássaros migram pelo meio do céu...
Da sua própria inexistência, desperdiça a terra, o céu, o mar e o ar
Todo dia, sem medo de rotina, os pássaros migram pelo meio do céu...
O sol nasce e morre... É pardal canta na
soleira da janela
Movida pela rotina, a vida segue...
Mas você, pobre criatura, largada no seu canto escuro
Faz perguntas que ninguém sabe responder
Um ano termina, outro ano começa...
Vem o inverno, depois, vem as flores florescem
Depois chega a estação dos frutos...
A vida inteira é feita de rotina
Mas não existe mesmice nas mesmas coisas
A mesmice está no vazio dos olhos
De quem não vê com o coração
Todo dia tudo se faz novo
Movida pela rotina, a vida segue...
Mas você, pobre criatura, largada no seu canto escuro
Faz perguntas que ninguém sabe responder
Um ano termina, outro ano começa...
Vem o inverno, depois, vem as flores florescem
Depois chega a estação dos frutos...
A vida inteira é feita de rotina
Mas não existe mesmice nas mesmas coisas
A mesmice está no vazio dos olhos
De quem não vê com o coração
Todo dia tudo se faz novo
Todavia, seu modo de ser é uma invocação da escuridão
A mesma serpente maligna sempre rasteja diante de você
É só isso que você vê... Ela sorri...
A mesma serpente maligna sempre rasteja diante de você
É só isso que você vê... Ela sorri...
E você pensa que ela
sorri para você...
Pobre criança, na escuridão o coração
se engana fácil...
Ela é tão linda, tão
encantadora, tão cheia de boas promessas...
As forças lhe
faltam... Você se desespera...
Os dias e as horas
passam, e você nem vê...
Parece que foi ontem
que a inocência dos dias antigos
Como um vento suave, vinha e pairava sobre você
E te consolava e animava...
Como um vento suave, vinha e pairava sobre você
E te consolava e animava...
Acorde desse feitiço, pobre criatura!
Resta tão pouco tempo para viver
Parece que foi ontem
que você nasceu
Mas já faz tanto
tempo... E você está só
E você não ousa elevar
os olhos para o céu
O medo tomou conta de você, pobre criatura
O medo tomou conta de você, pobre criatura
Há qualquer coisa em você, um fardo
Que te pesa a alma e oprime o seu coração
Que te pesa a alma e oprime o seu coração
Você não alimenta mais as velhas esperanças de felicidade
Cansado e ansioso, você se curva
sobre si mesmo...
Os seu olhos pesam... e você não se enxerga
Você não sabe mais
dizer com certeza
Se está acordado ou se já dorme
Se está vivo ou morto... Você desiste
Se está acordado ou se já dorme
Se está vivo ou morto... Você desiste
E então, como que para dizer que nada nesse mundo depende de você
O milagre esperado, de uma hora para outra, acontece...
O milagre esperado, de uma hora para outra, acontece...
Sua alma se agita de
repente... Você escuta vozes e sorrisos
A vida renasce dentro de você
A vida renasce dentro de você
Em algum lugar dentro
da sua alma
Uma festa de ressurreição e graça, está acontecendo...
Uma festa de ressurreição e graça, está acontecendo...
Você olha para você e descobre que
milagres existem
Mas você não se
importa mais... As noites escuras da
vida
As dores muito bem
sofridas... As desilusões
sobrepostas aos dias de alegrias
Te domesticaram e te ensinaram a mentira
De que na vida, nessa vida, milagres não acontece
Mais uma vez, pobre criatura, a velha serpente te engana
Ferido no corpo, na alma e no espírito
Você sabe coisas que não sabe explicar
Mas finge não saber, e perde, mais uma vez
A sua vez de ser feliz outra vez...
De que na vida, nessa vida, milagres não acontece
Mais uma vez, pobre criatura, a velha serpente te engana
Ferido no corpo, na alma e no espírito
Você sabe coisas que não sabe explicar
Mas finge não saber, e perde, mais uma vez
A sua vez de ser feliz outra vez...
Cai a noite... Mas você não vai dormir...
Uma estranha
felicidade inunda seu ser
Mas você logo a sufoca com as suas vestes de tristeza
Mas você logo a sufoca com as suas vestes de tristeza
Você olha e a serpente
ainda está lá..., dentro de você
E ela lhe sorri... E você também sorri... E você está tão
feliz...
E você entende que a
sua vida jovem e bonita
Não pode ser desperdiçada em noites solitárias de sono
Não pode ser desperdiçada em noites solitárias de sono
Você coloca uma roupa
bonita e vai pelas ruas...
Atraída pelo seu
perfume a vida vai atrás de você...
Você a abraça
Você dança
Você namora
Você comemora
Você comemora
Você respira ar puro...
É madrugada...
Você volta para casa
Você está tão feliz...
Você dorme... Amanhã será outro dia...
Você dorme... Amanhã será outro dia...
Por uma noite apenas um
milagre aconteceu...
Você sorriu quando não
tinha motivo algum para sorrir...
Então, novamente, você acorda e
percebe
Que tudo não passou de um sonho...
Que tudo não passou de um sonho...
Você olha, mas a
serpente não está mais lá...
Partiu ao amanhecer...
Você sente uma dor no
peito...
Lá fora, o mundo
segue o seu destino
Feliz e indiferente da sua inexistência...
Você vira para o canto e dorme
Amanhã será, talvez, outro dia...
Feliz e indiferente da sua inexistência...
Você vira para o canto e dorme
Amanhã será, talvez, outro dia...
VBMello.