16 de outubro de 2017

Sonhos - morte e ressurreição

Quem foi que disse 
Que os sonhos
Não morrem?

Tudo que é humano
Definha e morre

Quem foi que disse
Que homem não chora?
Tudo que é vivo
Sofre e chora

Como não chorar?
Como não sofrer?
Seria preciso ser cego
Seria preciso não viver

Afinal, quando os sonhos morrem
A pele perde o viço
As palavras perdem a leveza
O olhar perde a graça
Os lábios perdem os sorrisos
O coração seca e a vida não aflora
E o tempo para em algum lugar
Onde não é hoje, nem ontem, nem agora

E a vida desespera e chora

Todavia, engana-se - quem pensa 
Que é sempre preciso derramar lágrimas para chorar

Há quem nunca derrame lágrimas
Todavia, na alma, onde ninguém vê ou escuta
Chora, grita e se contorce, o tempo todo, sem parar

A vida tem tantos modos silenciosos de chorar
Há tantas formas de chorar
Sem ninguém saber

Há tantos modos de morrer
Sem ninguém ver

Sob a pele, há tantas formas de sofrer
Sem ninguém ver, saber ou sentir

Há tanta dor oculta atrás de um sorriso amarelo
Há tanta noite oculta sob o sol do amanhecer

Ah, meu irmão, meu igual
Companheiro de dores e esperanças
Quando os sonhos morrem
Você e eu sabemos
Afinal, já caímos e levantamos mil vezes
Feridas são abertas na alma da gente
Terríveis e profundas feridas
Que doem mais do que as feridas
Que a vida abre... na carne da gente

Todavia, diz a fé, para continuar vivendo
É preciso crer e manter alguma esperança
Afinal, nenhuma escuridão, dor ou vergão
Demônio, fera ou tentação, ou o que for a dor
Dura para sempre

Sim, meu irmão, meu igual
O inferno celebra as nossas quedas
Mas o céu garante o nosso caminhar

Todo fim é para nós
Um novo recomeço
E não perdemos a esperança
Porque até os sonhos mortos
Renascem e recomeçam
Quando levantamos e recomeçamos...
VBMello

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