O mar é tempestuoso
As águas, escuras e frias
O mergulho é profundo
Na alma
Que é sem fundo
Tão alta quanto o céu
Tão imensa quanto o
mundo
Sim, o fardo é pesado
E arrasta tudo
Para o
fundo
Do mundo
Na espreita do amanhã
A vida é curta
O fôlego é curto
A estrada é estreita
E esperança é sem fim
A vida é morta
Triste e sem volta
Se não volta
Sem revolta
Do fundo do mundo
Porque tudo que volta
Do mergulho profundo
No fundo do mundo
No fundo da alma
Volta modificado
Encantado
Já que foi para mudar
Não de lugar
Mas de alma
Para parir a si mesmo
Não de corpo
Mas de espírito
Que partiu
Atravessou desertos
incertos
E de peito aberto
A escuridão que o ameaçava
tragar
Enfrentou e renasceu
Mas aquele que foi
E voltou
Ainda é o mesmo
Que leva na face
As marcas da alma
E da poesia
Explícita
Que pariu
E concebeu
No mergulhou
No fundo da alma
Que em tudo engendrou
Outros pensamentos
Outras palavras
Outras ações
Que venceu
Que perdeu
Que renasceu
Sim, ainda é o mesmo
O que não é
Que sempre foi
Ainda se pode ver
No fundo dos seus
olhos tristes
A mesma ausência
A mesma carência
De brilho no olhar
Que fora da alma
Além da pura fantasia
Nunca partiu
Nunca pariu
Nunca sorriu
Nunca se viu
Oh, meu Deus!
NUNCA SE VIU!
Fingiu que partiu
Fingiu que sorriu
Fingiu que pariu
Fingiu que voltou
Fingiu que se
revoltou
Mas nunca saiu do lugar
Nunca existiu
Nunca pariu seu
próprio ser
Esse não-ser
Que se partiu em mil pedaço
Por medo de partir...
VBMello.
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