4 de agosto de 2016

Fragmentos de humanidade...

E o mundo, essa vastidão de expectativas
Essa fome insaciavel de vida
Que herdamos dos nossos pais
Esse sistema incerto e impermanente
Que agora jaz no Maligno
Essa casa velha e sombria
Cheia de rachaduras, goteiras
E móveis quebrados e mofados
É a prova hereditária 
Da nossa estupidez humana
A marca mais visível e feia
Do nosso caráter
O sinal mais evidente
Da nossa personalidade
O reflexo fosco do nosso semblante
O selo da nossa decadência...

Largados sob a lua vermelha 
Dos dias de inverno
Prescentimos e deduzimos
Nas entranhas da nossa alma
Como um verme carnívoro
Que tudo rói e tudo devora  
Um abismo de trevas
Dormindo um sono leve...

Nas profundezas da nossa alma
Há uma guerra em andamento...


Dos nossos pais, não herdamos
Olhos límpidos, nem alma profunda
Herdamos restos de mundo
Ódios, cobiças, medos
Atrofias do espírito 
Ansiedades e vazios de alma
Fragmentos de humanidade
Promessas de insanidade
Herdamos céus de aço 
E chão de ferro
Coração duro e vazio 
De paz e esperança
Terra seca e improdutiva
Para os doces frutos do amor
A nossa luta, a nossa labuta
É não perder a alma
É aprender a arte de amar
Talvez encontrar uma chama
De graça e poesia
No meio do caos da nossa herança...

_VBMello

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