29 de janeiro de 2019

Vale do rio amargo

Para a Vale - Quanto vale uma vida?
Quanto vale não evitar uma tragédia?
Qual o custo de ganhar 
como num jogo perigoso
Com a possibilidade da morte 
E da destruição de vidas inocentes?

Depois de transformar Brumadinho
Num cemitério a céu aberto
É assim que a Vale 
Busca a sua redenção
Para começar a negociação
Ela avalia – na ponta do lápis
Calcula por baixo
O valor da destruição
E faz promessa de doação
Em memória de cada pessoa morta
Barato – aproximadamente cem mil
Para quem lucra bilhões e bilhões

Que miséria moral – na Vale
É mais lucrativo cobrir
Os custos de uma tragédia
Do que evitar a tragédia
É mais barato matar
Do que evitar a morte

Que horror! Na vale
A morte é parte da diretoria

Estamos lidando aqui com a economia do demônio
Para a Vale, entre as coisas que o dinheiro compra
Conta-se o direito de destruir Mariana e Brumadinho
Conta-se também o direito (comprado)
De poluir o ar e destruir rios e florestas

Mas não é só isso
A economia do inferno vai além
Não há exceção
Na cadeira do inferno
Onde Mamon é rei
Tudo é negociado 

Na Vale – essa extensão do inferno entre nós
Por que não estou surpreso?
Até corpos e almas
De homens e mulheres
É negociado
Tudo é mercadoria
Tudo é coisa descartável
Que o dinheiro compra barato

Tudo normal no reino da Vale
Amanhã – ou depois de amanhã
Como foi em Mariana
Depois que a lama assentar no fundo rio
E as consciências políticas 
Por descaso ou corrupção
Se cauterizarem - de novo
Depois que a justiça fracassar – de novo
A Vale - de novo e de novo
Incapaz de aprender com o passado
Como se nada tivesse acontecido
Seguirá seu batido caminho de destruição
Aqui e ali, como um demônio destruidor
Negociando corpos e alma de homens e mulheres
Em troca de um lucro gordo e fácil…

_VBMello

Veja também: Entre Mariana e Brumadinho - e mais além

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