29 de janeiro de 2019

Entre Mariana e Brumadinho - e mais além


Entre Mariana e Brumadinho
E mais além
O que existe
Não é mera coincidência


É falta de caráter
É falta de impunidade


Brumadinho e Mariana
O povo, o trabalhador
As vítimas previsíveis
São dentes descartáveis
À mercê da fome
Da impiedade
E da indiferença moral
De uma gigantesca engrenagem de corrupção
Perdidos num impiedoso jogo de cartas marcadas
Entre o governo e as grandes corporações
Onde tudo que realmente interessa
Mesmo a preço de corpos e almas, é o lucro


Não foi coincidência
Foi mais do mesmo
Impiedade
Indiferença
Frieza moral
Corrupção
Impunidade


Foi amor exacerbado ao lucro
Desconsideração absoluta
Pela vida humana
E desprezo completo
Pela agonia da natureza


Agora, que a tragédia prevista foi consumada
Diante da dor de perdas eternas
Fala-se em prisão temporária
Já vimos esse filme tantas vezes


Não, não foi mera coincidência
Foi perversão
Corrupção
Falta de caráter


Dentro e fora da alma – se ainda existe uma
Entre o governo e as grandes corporações
Numa união indissolúvel entre filhos das trevas
Foi todos debaixo da lama moral
E o amor ao lucro acima de todos


Que Deus tenha misericórdia do Brasil
Pois estamos sendo devorados
Em dentadas fartas e insaciáveis
Pelas trevas de todo tipo de indiferença moral.
_VBMello

28 de janeiro de 2019

A Vale não vale nada.


Bombeiros confirmam
60 mortos e 292 desaparecidos.

Vale de Mordor
Vale de Sauron
Vale de Orcs

Vale de cadáveres.
Vale da destruição.
Vale da morte.
Vale da matança.
Vale do inferno.
Vale da Ira de Deus.


A Vale é uma vala de lama podre
Um túmulo de mortos
Esquecido e desaparecidos.
A Vale não vale nada.

Vale - um rastro de morte e descaso.
Tudo que a Vale toca certamente morre. 
Nada vive pelos lugares que a Vale passa. 
Morre a montanha e morre a floresta.
Morre gente e morre a natureza.
Morre bicho e morre árvore.
Morre peixe e morre ave.
Morre cidades.
Morre sonhos.
E morre esperanças.
Morre mulher grávida.

Morre deficiente físico
Morre criança e morre velho.

Nada escapa. Tudo morre.
Morre a bacia do rido Doce.
Morre a bacia do rio Paraopeba.
Talvez morra também as águas do São Francisco.
Sob a sombra maldita da Vale
Nada vive... Tudo morre.
Tudo agoniza... Tudo sofre.

Vale ‘não vê responsabilidade’ e pede desbloqueio de bens, diz advogado.


















Como poderia ver alguma coisa? A Vale é cega pela cobiça. Não enxerga nada, coisa alguma, além do lucro.
Para ver responsabilidade, neste momento e em tantos outros, teria que ser capaz de escolher entre as pessoas e o lucro. Mas a Vale não vê pessoas. Ela (só) vê peças numa engrenagem.
Alguém ainda se lembra da tragédia de Mariana? É sempre assim. O amor ao dinheiro sempre prevalece onde reina o poder das trevas. Mesmo na tragédia, mesmo diante de choro e gemidos de dor e desespero, a Vale só escolhe o lucro.
Para ver responsabilidade precisaria ter coração, consciência, precisaria ser capaz de sentir a dor do outro. Mas a Vale não tem consciência. A dor do outro é nada para ela.
A Vale é uma sanguessuga que destrói a terra e suga a vida de homens e mulheres. Que Deus a julgue. É isso.
_VBMello