Que tragédia. Que maldade
Que falência espiritual
Que pobreza de alma
Que cauterização da consciência
Estar diante da inocência
E não a perceber
Eis o pecado
Dos amigos de Jó
Eles tinham olhos
Mas não tinham compaixão
Enxergavam
Mas não com o coração
Tinham ouvidos
Mas não escutavam
Eram cegos e surdos
Para os gritos da inocência
Que estreiteza espiritual
Incapazes de descobrirem
A verdade oculta sob a dor
Ainda que sentados ao lado dela
Viam a aparência – e só
Mas não enxergavam a essência
Teólogos e críticos de coisas exteriores
Incapazes da humildade de ouvir
Perdidos na violência de falar sem pensar
Não vislumbravam coisa alguma
Além da mera e simples aparência
Para eles, a aparência da pessoa
Era tudo o que importava
Incapazes de discernirem a alma
Viam o que queriam ver
Em nome da justiça de Deus
Cometiam injustiça
Contra um homem inocente
Homem este, que Deus mesmo
Tinha como inocente e justo
Por trás do aparente temor de Deus
Eles estavam saturados de justiça própria
Não eram agentes de consolação
Eram agentes do olho por olho
Pregadores de medo e acusação
Agentes de martírio e angústia
Roubadores de esperança
A boca cheia de acusações
O coração cheio de teorias
A alma cheia de amor-próprio
Cegos, surdos e incapazes
De reconhecer, sob a máscara
Do sofrimento, a face da inocência
Estavam ali, sentados perto dele
Para consolá-lo
Mas as suas palavras frias
Só conseguiram causar
Mais dor e tormento
Cheio de fogo e fúria
Diante da dor do outro
O silêncio é sagrado
As palavras devem ser medidas
E uma mão caridosa estendida
Vale mais do que mil verdades
Oh, horror... O mundo não perece
Por falta de teoria e sabedoria
Não perece por falta de justiceiros e acusadores
Não perece por falta de gente
Que fala a "verdade"
Doa a quem doer
Perece, isso sim
Por falta de amor e compaixão
Os amigos de Jó, que erraram completamente
Ao tentar explicar e teologizar sobre
A verdadeira natureza dos sofrimentos dele
Servem de sinal e alerta para todos nós
Diante dessa narrativa terrível
Aprendemos que quando somos
Lançados diante daquilo
Que não compreendemos
É melhor calar... Do que julgar
Aprendemos que a pessoa que sofre
E geme de desespero - é sagrada
Aprendemos que diante de alguém
Desesperado, aflito e angustiado
O único comportamento aceitável
Não é criticar, julgar ou apontar
É ajudar, consolar e acolher
Ou então, por favor, calar
Porque é muito melhor o silêncio
Do que, pela precipitação das palavras
Estar diante da inocência... E não a perceber.
_VBMello
Que falência espiritual
Que pobreza de alma
Que cauterização da consciência
Estar diante da inocência
E não a perceber
Eis o pecado
Dos amigos de Jó
Eles tinham olhos
Mas não tinham compaixão
Enxergavam
Mas não com o coração
Tinham ouvidos
Mas não escutavam
Eram cegos e surdos
Para os gritos da inocência
Que estreiteza espiritual
Incapazes de descobrirem
A verdade oculta sob a dor
Ainda que sentados ao lado dela
Viam a aparência – e só
Mas não enxergavam a essência
Teólogos e críticos de coisas exteriores
Incapazes da humildade de ouvir
Perdidos na violência de falar sem pensar
Não vislumbravam coisa alguma
Além da mera e simples aparência
Para eles, a aparência da pessoa
Era tudo o que importava
Incapazes de discernirem a alma
Viam o que queriam ver
Em nome da justiça de Deus
Cometiam injustiça
Contra um homem inocente
Homem este, que Deus mesmo
Tinha como inocente e justo
Por trás do aparente temor de Deus
Eles estavam saturados de justiça própria
Não eram agentes de consolação
Eram agentes do olho por olho
Pregadores de medo e acusação
Agentes de martírio e angústia
Roubadores de esperança
A boca cheia de acusações
O coração cheio de teorias
A alma cheia de amor-próprio
Cegos, surdos e incapazes
De reconhecer, sob a máscara
Do sofrimento, a face da inocência
Estavam ali, sentados perto dele
Para consolá-lo
Mas as suas palavras frias
Só conseguiram causar
Mais dor e tormento
Cheio de fogo e fúria
Não sabiam o óbvio, isto é
Que diante do sofrimento do outro
Que diante do sofrimento do outro
É crueldade e pecado mortal
Perder tempo com julgamentos
Perder tempo com julgamentos
Diante da dor do outro
O silêncio é sagrado
As palavras devem ser medidas
E uma mão caridosa estendida
Vale mais do que mil verdades
Ditas sem compaixão e amor
Diante de uma pessoa que perdeu tudo
Vale mais um olhar puro de compaixão
Do que mil explicações teológicas
Diante de uma pessoa sofrida e combalida
Mais vale calar do que bancar o sábio
Vale mais um olhar puro de compaixão
Do que mil explicações teológicas
Diante de uma pessoa sofrida e combalida
Mais vale calar do que bancar o sábio
Oh, horror... O mundo não perece
Por falta de teoria e sabedoria
Não perece por falta de justiceiros e acusadores
Não perece por falta de gente
Que fala a "verdade"
Doa a quem doer
Perece, isso sim
Por falta de amor e compaixão
Os amigos de Jó, que erraram completamente
Ao tentar explicar e teologizar sobre
A verdadeira natureza dos sofrimentos dele
Servem de sinal e alerta para todos nós
Diante dessa narrativa terrível
Aprendemos que quando somos
Lançados diante daquilo
Que não compreendemos
É melhor calar... Do que julgar
Aprendemos que a pessoa que sofre
E geme de desespero - é sagrada
Aprendemos que diante de alguém
Desesperado, aflito e angustiado
O único comportamento aceitável
Não é criticar, julgar ou apontar
É ajudar, consolar e acolher
Ou então, por favor, calar
Porque é muito melhor o silêncio
Do que, pela precipitação das palavras
Estar diante da inocência... E não a perceber.
_VBMello