3 de maio de 2013

Esconjuro-Te, Escuridão.



Esconjuro-Te, Escuridão.
Ah, se a vida fosse como a gente quer!
Se o amanhã fosse um mar de rosas,
E o livre-arbítrio não fosse a última ilusão da alma humana,
O resquício final da sua arrogância e orgulho.
Se a herança adâmica não tivesse chegado até nossos ossos e entranhas...
Se o pecado original não corresse em nossas veias e artérias...
Se em pecado não tivéssemos sido gerados.
Ah! Miséria! Somos já desde antes de nascer, seres expulsos do Paraíso.
Em dores a minha mãe me pariu e me sustentou.
Observado por anjos, e demônios, eu nasci numa tarde quente de verão.
Enquanto a minha mãe gritava de dor e desespero...
Demônios davam risadas.
Ah! Se a gente fosse o que nasceu para ser...
Eu poderia escrever versos que poderiam ser lidos no céu.
Ah, não duvide das minhas boas intenções de poeta ingênuo!
Eu queria escrever versos simples.
É verdade.
Versos que pudessem ser lidos num fim de tarde de primavera,
E tudo isso sem me envergonhar diante da inocência das crianças...
E da pureza dos anjos.
Eu não quero seres da escuridão entre aqueles que me ouvem, e gostam.
Não quero ser um poeta dos mistérios das sombras.
Esconjuro-te, escuridão, esconjuro-te!
Mas... Ai de mim!
É tão profundo o abismo que separa o querer do realizar.
No fim das contas somos títeres de forças ocultas e poderosas.
Forças medonhas nos manipulam...
E nos inspiram.
Não existe poeta que alguma vez não tenha sido inspirado por forças ocultas.
Oh, meu Deus!
Vê essas pessoas maltrapilhas que passam cabisbaixas pela rua?
São pessoas expulsas de si mesmas pela escuridão...
Ideias de Deus que não se realizaram completamente.
Essa é a nossa sina de seres perdidos em busca de redenção,
Vagar sem direção, no meio da densa escuridão.
E aqueles que com nós cruzam nos caminhos da dor,
Não podem nos estender as mãos em socorro.
Também eles vagam numa jornada pessoal em busca de redenção e expiação.
Todos nós nos dirigimos ao Gólgota,
Mas nem todos levam a sua própria cruz.
Somos seres caídos, desejar é a nossa sina,
Não realizar é a nossa maldição.
Perdemo-nos do caminho da luz.
Vagamos por caminhos de escuridão.
Oh, meu Deus!
É muito difícil atravessar o vale das sombras e da morte sem fazer alguns amigos sombrios...
Falo de anjos, aqueles... Lembram-se? Que caíram e nunca mais se levantaram...
Aqueles que tiveram a inocência dos seus olhos de anjos vazados pelas trevas do inferno.
Eu não quero esses seres da escuridão entre aqueles que me ouvem...
E me inspiram.
Esconjuro-te, escuridão!
Nunca vi a plenitude da luz do sol, mas não me julguem um ser da escuridão...
Conheço bem a luz da lua e das estrelas... 
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 Sábado, 13 de abril de 2013.

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