Esconjuro-Te, Escuridão.
Ah, se a vida fosse como a gente quer!
Se o amanhã fosse um mar de rosas,
E o livre-arbítrio não fosse a última
ilusão da alma humana,
O resquício final da sua arrogância e
orgulho.
Se a herança adâmica não tivesse chegado
até nossos ossos e entranhas...
Se o pecado original não corresse em
nossas veias e artérias...
Se em pecado não tivéssemos sido
gerados.
Ah! Miséria! Somos já desde antes de
nascer, seres expulsos do Paraíso.
Em dores a minha mãe me pariu e me
sustentou.
Observado por anjos, e demônios, eu
nasci numa tarde quente de verão.
Enquanto a minha mãe gritava de dor e
desespero...
Demônios davam risadas.
Ah! Se a gente fosse o que nasceu para
ser...
Eu poderia escrever versos que poderiam
ser lidos no céu.
Ah, não duvide das minhas boas intenções
de poeta ingênuo!
Eu queria escrever versos simples.
É verdade.
Versos que pudessem ser lidos num fim de
tarde de primavera,
E tudo isso sem me envergonhar diante da
inocência das crianças...
E da pureza dos anjos.
Eu não quero seres da escuridão entre
aqueles que me ouvem, e gostam.
Não quero ser um poeta dos mistérios das
sombras.
Esconjuro-te, escuridão, esconjuro-te!
Mas... Ai de mim!
É tão profundo o abismo que separa o
querer do realizar.
No fim das contas somos títeres de
forças ocultas e poderosas.
Forças medonhas nos manipulam...
E nos inspiram.
Não existe poeta que alguma vez não
tenha sido inspirado por forças ocultas.
Oh, meu Deus!
Vê essas pessoas
maltrapilhas que passam cabisbaixas pela rua?
São pessoas expulsas
de si mesmas pela escuridão...
Ideias de Deus que não
se realizaram completamente.
Essa é a nossa sina de
seres perdidos em busca de redenção,
Vagar sem direção, no
meio da densa escuridão.
E aqueles que com nós
cruzam nos caminhos da dor,
Não podem nos estender
as mãos em socorro.
Também eles vagam numa
jornada pessoal em busca de redenção e expiação.
Todos nós nos
dirigimos ao Gólgota,
Mas nem todos levam a
sua própria cruz.
Somos seres caídos,
desejar é a nossa sina,
Não realizar é a nossa
maldição.
Perdemo-nos do caminho
da luz.
Vagamos por caminhos
de escuridão.
Oh, meu Deus!
É muito difícil
atravessar o vale das sombras e da morte sem fazer alguns amigos sombrios...
Falo de anjos,
aqueles... Lembram-se? Que caíram e nunca mais se levantaram...
Aqueles que tiveram a
inocência dos seus olhos de anjos vazados pelas trevas do inferno.
Eu não quero esses
seres da escuridão entre aqueles que me ouvem...
E me inspiram.
Esconjuro-te,
escuridão!
Nunca vi a plenitude
da luz do sol, mas não me julguem um ser da escuridão...
Conheço bem a luz da lua
e das estrelas...
====
Sábado, 13 de abril
de 2013.
Nenhum comentário :
Postar um comentário