31 de julho de 2013

Flertando com a Morte...















Para Anne Sexton, esteja ela onde estiver...
Ir até o limite da solidão
E do desespero mais atroz...
E nas batalhas ferozes contra a depressão
Isolada até de si mesma
Transitar pelas raias da loucura
Flertar com o abismo
Expor-se ao abraço frio da morte
Dormir e acordar na mais absoluta escuridão
E no caos do seu coração
Numa estranha compulsão
Anotar o que ver e ouvir
E voltar para contar
E cantar
Aos nossos ouvidos
Espantados
Preocupados
Nas confissões da sua dor
A sua poesia
A declaração da sua decepção...
Outra meta na vida
A poetisa não tinha...
Deitada nos braços da solidão
No banco de um carro
Feito barco do esquálido Caronte
Vestida com seu velho casaco de peles
Oh, como fazia frio...
Aquele dia
Que era noite nas funduras da sua alma
Sem avisar
Respirou fundo e partiu
Determinada pela loucura
Atravessou o ponto sem retorno
E não voltou jamais...
Dizem que fez da solidão do abismo
A sua derradeira morada...
Oh, querida Anne...
Por quê?
Por quê?...

V.B.Mello

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