Para Anne Sexton,
esteja ela onde estiver...
Ir até o limite da solidão
E do desespero mais atroz...
E nas batalhas ferozes
contra a depressão
Isolada até de si mesma
Transitar pelas raias da
loucura
Flertar com o abismo
Expor-se ao abraço frio da
morte
Dormir e acordar na mais
absoluta escuridão
E no caos do seu coração
Numa estranha compulsão
Anotar o que ver e ouvir
E voltar para contar
E cantar
Aos nossos ouvidos
Espantados
Preocupados
Nas confissões da sua dor
A sua poesia
A declaração da sua
decepção...
Outra meta na vida
A poetisa não tinha...
Deitada nos braços da
solidão
No banco de um carro
Feito barco do esquálido
Caronte
Vestida com seu velho casaco
de peles
Oh, como fazia frio...
Aquele dia
Que era noite nas funduras
da sua alma
Sem avisar
Respirou fundo e partiu
Determinada pela loucura
Atravessou o ponto sem
retorno
E não voltou jamais...
Dizem que fez da solidão do
abismo
A sua derradeira morada...
Oh, querida Anne...
Por quê?
Por quê?...
V.B.Mello
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