26 de julho de 2013

O Homem Sem Qualidades...















No começo…
Mas isso foi há tanto tempo
Ele não gostava.
Mas enfim...
O tempo passou...
E...
Ah, o tempo...
Sempre o tempo,
O que seria de nós sem o tempo?
Mas como eu ia dizendo,
No começo não gostava.
Sentia-se mal
Artificial
Falso
Mas o tempo passou...
E a coisa foi ficando meio habitual
Ganhando ares de coisa normal
Agora era tranquilo
Não incomodava mais
Acordava
Cambaleava pelo quarto
Descia um lance de escada
Entrava no porão...
O caminho era escuro
Porém batido
E os pés nunca tropeçavam
Tateava as mãos na escuridão de um armário velho
Escolhia uma máscara
Tinha tantas...
Colocava na cara
Agora sim
Podia se olhar
Podia ser olhado
Podia respirar mais aliviado
Podia até olhar nos olhos de quem o olhava
E no fim do dia
Tão acostumado estava de usar máscaras
Que ás vezes até se esquecia de tirar para dormir...
Mas tudo bem...
Olhando mais de perto...
Vendo bem
Não se pode dizer que ele era infeliz
Tinha jeito e modos de gente feliz
Era feliz
Tinha um único contratempo
Esse comportamento
Se alguém lhe chamava pelo nome
Ele custava entender que era com ele que estavam falando...
Esse, até o momento, era o único efeito colateral
Que ele sofria por não vencer a tentação de não ser
Quem ele havia nascido para ser
Mas ele resolvia isso fácil, fácil...
Criou o hábito de dizer
Que era meio desligado
E a vida ia indo...
V.B.Mello.

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