22 de maio de 2019

Soli Deo gloria.

Foi o sofrimento que me conduziu a Cristo. Sou um daqueles muitos que foram a Deus, primeiramente, movidos pela dor, mas não somente pela dor. Não nasci num berço cristão. Antes de crer, aprendi a duvidar. Antes de rir, aprendi a chorar. Antes de amar, aprendi a odiar. Antes de aprender a orar, aprendi a murmurar. Antes de aprender a perdoar, aprendi amaldiçoar. Antes de viver, conheci a morte. Antes de ouvir falar do céu, ouvi falar do inferno. Antes de encontrar a paz, fiz guerra. Antes de conhecer o Caminho, andei por atalhos sombrios e distantes. Antes de alimentar minha alma com as palavras que saem da boca de Deus, transformei pedras em pães. Incapaz de depor as armas da carne, mil vezes, mordi a mão que Deus me estendia. Dez mil vezes, talvez mais, tapei os ouvidos ao seu chamado. Nas profundezas do meu coração, a metamorfose da dor em fé, foi milagrosa, não, porém, rápido e fácil. Nada na minha vida aconteceu do dia para a noite, nem mesmo andar de bicicleta. Não sou um prodígio em coisa alguma. Na estrada da vida, sou sempre um retardatário. Levou muito tempo - tempo demais - até que minhas dúvidas encontrassem algum descanso. Não sou um herói da fé (nem herói de coisa alguma), não tenho bravatas espirituais para contar. Meu testemunho, pobre de mim, testemunha contra mim. Acho bonito, mas não invejo, a fé de quem se converteu sem lutas interiores. Quanto a mim, antes e depois de experimentar a conversão, todos os dias, o dia todo, até que a luz se manifestasse das trevas, de muitas maneiras, lutei ferozmente contra a vontade e a soberania de Deus. Se hoje vivo e amo a Deus, foi porque ele, na sua infinita misericórdia, me amou primeiro, não há outra explicação. Soli Deo gloria. 
_VBMello

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