27 de novembro de 2019

A inerente fragilidade da vida. Vivendo a um passo da eternidade

Porque toda a carne é como a erva,e toda a glória do homem como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada. [1 Pedro 1:24,25]

1 - Estar pronto para morrer a qualquer momento, da maneira que for, deve ser o primeiro aprendizado da vida cristã. Não para nos encher de terror, mas para despertar em nós a humildade, a prudência, a gratidão e a fé em Deus, o texto bíblico reconhece a fragilidade e a brevidade da vida. De modo a nos conduzir à humildade, diz que somos barro e cinza, e fala sem rodeios, pois não tem a intenção de nos iludir em coisa alguma, que somos pó e que ao pó voltaremos. O texto bíblico revela que a morte pode estar a um passo, escondida na próxima esquina ou disfarçada num improvável acidente doméstico. É de surpresa que ela golpeia fatalmente a maior parte das pessoas. Todavia, diz também que não há motivo para desespero, pois em Cristo, somos mais que vencedores, mesmo na morte.

2 - Com efeito, a vida humana, mesmo no seu melhor, no seu momento mais feliz, no seu instante de maior glória, realização e imponência, eis a verdade, não passa de uma neblina que logo se desfaz. Pobre ou rico, famoso ou anônimo, grande ou pequeno, não importa, em relação à morte, ninguém se encontra em melhor situação. Todos são pó e cinza, e a vida de todos é semelhante a erva que seca e como a flor que cai. A verdade é que desde o momento que nascemos, já estamos morrendo. Urge, portanto, aproveitar bem o pouco tempo que temos, fazendo tudo para a glória de Deus. 

3 - Ciente dessa fragilidade, a pessoa cristã, se temente a Deus, em vez de entregar-se ao medo da morte, ou à sua negação, deve manter, dia e noite, os olhos fixos no céu, sabendo e confessando sua completa dependência de Deus, em quem existe, vive e respira. A verdade, dura verdade, é que o chamado para a eternidade pode acontecer a qualquer momento, e da maneira mais improvável possível. 

4 - Sim, a morte (fulminante) está a um passo (ou a um  improvável acidente doméstico) de todos nós, mas que isso não nos impeça a alegria de viver. Com efeito, que isso motive o florescimento prudente e consciente da vida, em todas as suas dimensões e possibilidades. Que a certeza de que nosso tempo voa, e que tudo, nossos sonhos, amores e esperanças, pode terminar sem aviso prévio, não motive em nós, medos, depressões e desânimos, mas sim, o aproveitamento responsável das oportunidades que Deus nos dá, todos os dias. Tenhamos confiança e bom ânimo, apesar da fragilidade inerente, a vida vale a pena ser vivida. 

5 – Deus dá dons e talentos aos homens e quer que eles sejam usados. A vida é frágil, sem dúvida, mas Deus nos convida, por meio da fé, mediante os dons que ele nos dá, a desafiemos essa fragilidade, produzindo muitos frutos de vida. Efetivamente, todo dia, o dia todo, somos chamados a vencer a morte, vivendo. Acomodar-se - ou dizer que a vida não tem sentido - é talvez a pior forma de morte, pois é morte em vida. Diante da fragilidade da vida, por medo, falta de sentido (louvar a Deus é o sentido da vida) ou por qualquer outro motivo, que ninguém enterre o seu talento, que ninguém se acomode, que ninguém morra em vida. Que ninguém diga que a vida não tem sentido, só porque ela pode acabar de repente. Que cada um, sem medo e cheio de esperança, viva plenamente o tempo que tem para viver. 

6 - Que seja a alegria da vida e não o terror da morte, a força que nos move e nos inspira a levantar da cama e tocar a vida em frente. Por medo da morte, primeiro, não neguemos a possibilidade repentina da nossa morte (como muitos fazem, não querendo nem mesmo tocar no assunto), mas não neguemos também a vida, que é soberana, mesmo na morte. Deste modo, como louvor ao Deus da vida, que, em nossos pensamentos mais profundos, a vida seja mais presente, inspiradora e cativante, que os pensamentos sombrios da morte. Pois é em nossa mente e coração, certo da eternidade, glorificando, honrando e louvando ao Deus da vida, que vivemos um passo além da morte. 

7 - Todo dia pode ser o último, ou não… A iminência da morte não deve ser motivo de paralisação e terror. Não há motivo para se ter medo da morte. Em Cristo, temos a vitória sobre a morte. Ele nos deu o que ninguém mais pode nos dar: a ressurreição dos mortos. Sim, somos pó, homens destinados à sepultura, mas não para sempre. Em Cristo, estamos destinados à eternidade – no céu. Em Cristo, somos mais que vencedores, mesmo contra a morte. 

8 - Não há razão para nos apegarmos demasiadamente à vida que vivemos agora. Deus é maior que a vida, apeguemos-nos com firmeza a ele somente. Dele, e somente dele, depende a última palavra sobre a nossa permanência nesse mundo de dores. Quando ele nos chamar, nada poderá impedir nossa partida. De uma vez por todas, aprendamos isso: este mundo não é nossa casa definitiva. O céu é o nosso destino final. Também, o corpo que temos agora, não é para sempre, posto que, cativo do pecado, envelhece, adoece, sofre e morre… Todavia, pela graça de Deus, estamos destinados a um corpo glorioso, que não perece, mas que vive para sempre. Diante das ameaças da morte, vivamos com toda confiança e alegria, guardados em Deus, Criador e Senhor da vida. 

9 - Cientes de que mesmo na morte é a vida que prevalece, estejamos prontos para partir deste mundo a qualquer momento, num piscar de olhos, pois somos peregrinos na terra, nu chegamos e nu pariremos… Sim, por meio da oração, da fé, e da gratidão, que nossa preparação para a morte seja diária. Que estejamos todos preparados e prontos para deixar tudo para trás e partir a qualquer momento, rumo à eternidade. De fato, não estamos no mundo para criar raízes e acumular coisas, mas para nos preparar, mediante a fé em Cristo, para a eternidade. 

10 - Ciente destas coisas, saiba, pois, meu irmão, meu igual, que o orgulho não vale nada, pois não há nada no mundo que possa impedir que a pessoa cheia de vida, felicidade e sonhos (ou cheia de amarguras e ódios) que contemplamos hoje no espelho, como se a vida (nossa vida, como gostamos de dizer) fosse durar para sempre, amanhã, ou mesmo hoje, possa ser contemplada por outros olhos, como um cadáver dentro de um caixão. Pensei nisso. Viver plenamente para a glória de Deus, é o melhor enfrentamento que podemos oferecer contra as ameças inerentes da morte. 
_VBMello

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