Depois de estar ferido de tanto lutar Aprendi a descansar e a vencer Depois de ter caído Aprendi andar sozinho E, andando, aprendi a voar Por fim, perdi a fé E a esperança se foi de mim Largado sozinho, para morrer No vale da morte, enfrentei Homens, demônios e feras Foi então, que eu comecei a crer Hoje eu levo comigo, no corpo e na alma As feridas abertas da minha fé... VBMello
Então, você olha para o lado E vê olhares pesados Faces carrancudas E dedos apontados Vozes que cochicham ameaças Enquanto na escuridão das almas Maldades e planos são arquitetados E sob os pés, o chão é instável Todos riem... Todos zombam Até o fraco e o covarde te esbofeteia Miseravelmente, todas as forças minguam Não há como continuar... A derrota se anuncia O desânimo vem e penetra até o tutano dos ossos Um rio de lama te engole E você se encolhe num canto Começa então, outra noite escura da alma Sobre a sua cabeça, o céu é de ferro E sob os seus pés, o chão é um deserto Você eleva uma oração ao céu Que previsivelmente, fica calado Ao teu lado, não há anjos, nem irmãos Você está só, nu, pelado e largado O que você temia, aconteceu A sindrome de Jó, te abateu Leões e hienas te cercam E o riso morre nos seus lábios E a semente da alegria Sem germinar, seca dentro do peito Então, no meio da madrugada Você ouve o tropel de cavalos em disparada E o tinir de espadas que bramam sem cessar No fundo da alma, uma guerra está em andamento Contra o coração cansado, inimigos se reúnem Abandonado e sozinho na frente de batalha Com os nervos à flor da pele Cergado por leãos que rugem À beira de um colapso A adversidade te rodeia e zomba A névoa te envolve, a escuridão te engole Você está só perante a eternidade E os demônios, feras hereditarias Antigamente expulsos para o deserto Estão voltando em bandos..., e estão famintos Anseia matar, roubar e destruir Querem a fraqueza da carne e o tutano dos ossos A alma estremece - o silêncio da noite escura É rompido por uma gargalha E o ar se enche de rugidos Há um leão ao derredor E demônios batem à sua porta Todos te abandonaram Levando os despojos da sua derrota Aqueles que em dias de paz, te juraram fidelidade, te traem Aqueles que em dias de fartura, te juraram amor, batem em retirada Até o seu pai, a sua mãe e os seus irmão Te amaldiçoam, te renegam e te abandonam Sim, agora você está só perante o seu Deus Agora você é Jó sentando num monte de cinza quente E as suas feridas ardem e o seu hálito fede Você chora, você grita, você implora, mas ninguém estende a mão E lá fora, legiões de demônios fazem festa Vozes ecoam na escuridão e gritam: Onde está agora, a sua fé? E a sua poesia, pateta, onde está? Onde estão, as suas obras de amor? Onde estão, os seus amigos? E o seu dinheiro, para que serve agora? E o sorriso, onde está? E os seus sonhos, onde estão? E o orgulho? E a arrogância? E a força do seu braço, onde está? Você se levanta e caminha sozinho na escuridão Grita, chora e ora... De onde te virá o socorro? De onde te virá a salvação? Finalmente - oh, horror! Você sabe Chegou para você também A hora de saber do que você é feito... No coração, na alma e na mente Vozes ecoam e gritam: Pedra, lama, barro, carne ou espírito... Do que, você é feito? Qual é a sua natureza? Chegou - como chega para todos - a hora de provar a verdade da sua fé Há um caminho de fuga E há um caminho de luta - escolha! Há um caminho de derrota E há um caminho de vitória - escolha! Rápido, porque a vida não espera Onde está, meu amigo, meu igual, a sua fé? Você era tão feliz, tão sábio... tão especial Ah... Ri agora, dança agora, pula agora... Não? Ah, não chore... Não se desespere Eis que chegou a hora... Do menino... Virar homem _VBMello