4 de agosto de 2016

Ilusões...

Ainda iludido com a ventura
Da sua própria bondade
Heroísmo, intenções
Valentia e força de vontade?
Tolinho, bobinho... 
Larga mão, dessas ilusões
Ninguém nunca lhe contou, meu irmão?
É fácil ser um herói de papel
Sentando na frente da TV
E comendo pipoca
Mas no calor da batalha
Quando a fé falha
Quando a depressão vence
O amor não floresce
E as nossas orações
Não são respondidas
Quando ficamos sozinhos
Apavorados e abandonados
Diante da vergonha da cruz
Quando um quarto escuro
E mais nada, é a nossa casa
E a noite é ameaçadora e sem estrelas
E o grito de socorro se perde no nada
Sem ter quem o responda
Ah, meu irmão, meu igual
Entre a luta e a fuga
Na hora mais escura
No tempo de dor e sofrimento
Preferimos a fuga
Preferimos as janelas fechadas
A cabeça coberta
Preferimos dormir
E nunca mais acordar...
_VBMello

Apocalipse...

Oh, horror! Olhem! Vejam!
Morreu a misericórdia
Assassinaram a compaixão
E os cadáveres da verdade e do amor
Jazem apodrecidos, em praça pública
Dinte do macabro espetáculo
Todos viram a cara
Todos lavam as mãos
Todos vão embora
Ninguém diz nada
Ninguém faz uma oração
Ninguém sente falta da verdade
Ninguém sente falta da compaixão
Rompendo o silêncio da indiferença humana
Nas profundezas do céu
Um anjo canta e grita:
O fim vem, o fim vem...
Na terra, ansiosos e preocupados
Ocupado com os seus afazeres
Os homens todos, se fazem de surdos...

Mais eis que um anjo 
Como quem assopra o fogo
Soprou uma trombeta
Num instante, a alma dos homens 
Cheia de ansiedade e medo
Se encheu de trovadas
Raios, vendavais e relâmpagos
Diante dos seus olhos
Revoltaram-se os mares
Sob os seus pés
Tremeu a terra
Um velho anjo triste
Sussurrou ao vento:
O caos, reina... O caos, reina

Diante da hora da verdade
Desesperam-se, sem exceção
Todos os corações
E toda as almas
E as pernas tremem
A boca fica muda
E os ouvidos 
Ensurdecem...

Oh, horror...
No meio da noite
Na hora mais escura 
Soprou o vento norte
Anunciado pelos profetas
E desabou a tempestade
Chegou, finalmente
A terrível e derradeira
Hora da verdade
Esse é o tempo em que
Todas as coisas ocultas
Serão reveladas
O tempo eterno
Onde os arrogantes
Serão abatidos
E os humildes
Elevados

Vejam! Escutem! 
O céu se rasgou em dois
As paredes racharam 
E os corações medrosos
Cessaram de bater

Até as maiores distâncias 
Que as vistas alcançam
Tudo geme, tudo chora
Tudo clama pela morte
Tudo que era sólido
Desmoronou no ar

Dentro e fora da alma... 
Tudo é caos...

Hoje me chamam de pateta
Amanhã, talvez, me chamem de profeta
_VBMello