Pobre
homem! Pobre homem!
Canta um coro de anjos
Como uma
criança solitária
Que
encontrou a mãe morta
Caída no
chão frio da cozinha
Você
camufla o medo
E engole
o choro
Você tem saudade
De mares calmos
E céus azuis
Você tem saudade
De mares calmos
E céus azuis
Mas hoje os céus da alma
Estão cheios de nuvens de tempestade
Você esconde o horror
Atrás de
um sorriso amarelo
Você finge que é feliz
Você finge que é feliz
Mas o seu mundo interior
É cheio
de submundos
Habitados
por fantasmas
E assombrações
de traumas antigos
Você fala
com Deus e faz as suas orações
Mas
esconde o rosto atrás de uma máscara
No fundo, onde ninguém vê
Que coisa triste, você sabe
Que não
acredita em deus nenhum
Será que
Deus ainda acredita em você?
O mundo
gira a mil por hora
E não diminui a velocidade
Para você descer e correr
Para você descer e correr
Uma verdade amarga paira sobre nós
Eu e você - estamos perdidos
Dentro de nós mesmos
Eu e você - estamos perdidos
Dentro de nós mesmos
Mais solitários
do que nunca
Sujeitos
às intempéries do mundo
Mais
ansiosos que nossos pais
Mais
preocupados que nossos avós
Vazios de
sonhos e alma
Oportunistas
de espírito
Estranhos
ao reflexo inerte
Que vemos
no espelho
Juramos que somos humanos
Mas o
nosso coração nos trai
Sabemos a
fera que somos
conhecemos a sombra que mora em nós
E no fundo, temos vergonha
conhecemos a sombra que mora em nós
E no fundo, temos vergonha
De dizer:
Isso sou eu.
Pobre
homem! Pobre homem!
Que caos!
Que escuridão! Que tragédia! Que comédia!
Quando
foi que você desistiu de acreditar?
Quem te
roubou a fé?
Quem te
vendeu gato por lebre?
Quem
colocou esse peso sobre os seus ombros?
Quem pôs
essa preocupação na sua cabeça?
E essa
angústia no seu peito, quem colocou?
Há um céu
de bronze sobre a sua cabeça
Um chão
de ferro sob os seus pés
Uma fome
colossal na sua alma
E uma
solidão que penetra os seus ossos
E você
sorrir como se essa desgraça não fosse com você
Quem você
pensa que engana com esse disfarce de felicidade?
Pobre homem! Pobre homem!
Pobre homem! Pobre homem!
A sua alma
é um cemitério de sonhos mortos
Vida
triste, solitária e desamparada
Nenhum
pai para te chamar de meu filho
Nenhuma mãe
para te colocar no colo
Veja! Há um leão
espreitando na esquina
E um demônio
urrando dentro de sua alma
Há uma luta
que nunca cessa
Uma dor
que nunca dorme
Como um pedaço de madeira
Destinado
a arder nas chamas
Você
grita, chora e pragueja
A vida é
uma arma engatinhada
E apontada
para a sua cabeça
Mas você não se importa
Mas você não se importa
Sem alma,
sem voz, sem rumo, sem paz
Um monte
de carne que agoniza e apodrece
Delirando
e sonhando com as fronteiras da eternidade
Mas no
fim do túnel, no fim disso que chamamos de nossa vida
Há apenas o
silêncio dos mortos que descansam sobre o pó da terra
Não há nada de
especial, nenhum prêmio, nenhuma recompensa
Apenas o
som cínico e zombeteiro de uma gargalhada forte
Velho e
cheio de cabelos brancos, você se olha no espelho
E
sussurra triste: Ah, meu Deus, a vida é tão breve
Então, a risada no fim do túnel
Trêmula - adormece
E a luz se apaga
E os
anjos entoam uma derradeira canção de calamidade
E sobre a
lápide de latão enferrujado, um epitáfio ridículo
Pobre
homem... Pobre homem de alma vazia e olhos tristes...
_VBMello