Faz muito tempo que sou um leitor assíduo da Bíblia e de bons livros cristãos. Jonathan Edwards, Charles Spurgeon, Calvino, Lutero, Agostinho, Martyn Lloyd-Jones, Dietrich Bonhoeffer... É raro o dia em que eu não leio alguma coisa.
Penso que esse hábito me salvou muitas vezes, quando atravessei crises infernais de depressão.
Quando a minha alma era tomada por um abissal vazio existencial e a minha mente ficava cheia de ideações suicidas, e o mundo antes tão colorido, sorridente e promissor, ficava sombrio e terrivelmente assustador, e eu via a minha vida toda como um imenso amontoado de sonhos mortos e sem valor algum, num esforço hercúleo, abria a minha Bíblia e começava ler. Lia e orava, lia e orava, lia e orava.
Muitas vezes não conseguia orar ou ler, mas ficava olhando o texto aberto nas minhas mãos, e isso, acreditem, muito me fortalecia e restaurava. Foram momentos de muito sofrimento. Não havia lágrimas, mas alguma coisa em mim, chorava alto. Cada crise matava um pedaço de mim. Depois de muitas crises, fiquei, dentro e fora da alma, completamente despedaçado. Sem forças para sonhar e sem energia para viver, eu, que antes era tão ativo, tornei-me uma estranha espécie de morto-vivo. Nada me envergonhava mais do que ser um morto-vivo. Minha alma tornou-se um abismo de escuridão e culpa. Dessa culpa nasceu uma quase irresistível vontade de dormir e nunca mais acordar. Felizmente, graças a Deus, sou ruim de pegar no sono.