11 de agosto de 2019

Justos, santos e verdadeiros ou lobos de outros lobos? Qual é a nossa verdadeira natureza?

A pessoa que deriva sua vida moral dos padrões deste mundo, com certeza tenderá a ver em si alguma bondade, verdade é justiça, e atribuirá isso à sua própria potência inata de ser uma pessoa boa, justa e verdadeira. Todavia, segundo o Evangelho, essa lisonjeira visão pessoal é, nada mais, nada menos, do que uma doce ilusão. Noutras palavras: uma doce uma mentira que gostamos de contar para nós mesmos.

A verdade pura e simples que aprendemos no Evangelho é que, se nos medirmos pelos padrões da santidade de Deus, veremos que ninguém é bom, justo e verdadeiro, nenhum sequer. Somos seres caídos da condição natural de bondade, justiça e verdade. Somos seres carentes da graça de Deus. A Cruz de Cristo testemunha contra a nossa pretensa e alardeada bondade inata. Ela é a prova da queda da humanidade inteira.


Sim, se nos medirmos pelo padrão da santidade de Deus, veremos envergonhados a calamidade que somos. Nossa história pessoal, na intimidade do nosso coração, na origem dos pensamentos e intenções, e não só, está marcada muito mais pela maldade, pela mentira, pela vaidade e pela injustiça, do que pela verdade, bondade e justiça. Nosso coração testemunha contra nós. (Marcos 7:21-23). Mais uma vez: na intimidade do coração, alguém tem coragem de dizer que é justo, bom e verdadeiro? É preciso ser muito mundano, cego das intenções do próprio coração, mentiroso e ignorante da Palavra de Deus, para se imaginar uma pessoa justa, boa e verdadeira.

No dizer do Apóstolo Paulo, em Romanos 3:10-18.

Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer.
Não há ninguém que entenda;
Não há ninguém que busque a Deus.
Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis.
Não há quem faça o bem, não há nem um só.
A sua garganta é um sepulcro aberto;
Com as suas línguas tratam enganosamente;
Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios;
Cuja boca está cheia de maldição e amargura.
Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.
Em seus caminhos há destruição e miséria;
E não conheceram o caminho da paz.
Não há temor de Deus diante de seus olhos.

Não há outro caminho e atalhos não existem, o estudo diário da Palavra de Deus é a condição através da qual nos tornamos conscientes da verdade sobre nossa vida interior, isto é, que toda ela é sombria, incerta, fragmentada e desesperadamente carente da graça de Deus.

Sim, se há alguma bondade, justiça e verdade na nossa vida, isso não se deve a uma qualidade inata nossa para sermos justos, bons e verdadeiros, mas unicamente à misericórdia de Deus, que nos agarra com mãos de poder, amor e graça, e não nos deixa cair e afundar completamente no abismo da escuridão espiritual total.

Sem a graça de Deus (graça comum e graça especial) seríamos completamente incapazes de qualquer ato de altruísmo, por menor que fosse. Seriamos bestas-feras, jogando nossos filhos pela janela (Alexandre Nardoni), assinando nossos pais a pauladas (Suzane von Richthofen). Seríamos lobos devorando lobos e o mundo seria um inferno completo, ou, pelo menos, dá para imaginar que seria muito pior do que já é. É a misericórdia de Deus que nos salva de sermos todos monstros.

Sobre essas coisas, nossa oração deveria ser: Senhor Deus, livra-nos do mal e não nos deixe cair em tentação. Dai-nos, Senhor nosso, a nossa porção de verdade, bondade e justiça de cada dia, porque somos demasiadamente pecadores e completamente incapazes de, por nós mesmos, pensar e viver uma vida verdadeiramente justa, boa e verdadeira. 
_VBMello

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