29 de agosto de 2019

O Senhor disciplina a quem ama.

Vocês se esqueceram da palavra de ânimo que ele lhes dirige como a filhos: "Meu filho, não despreze a disciplina do Senhor, nem se magoe com a sua repreensão, pois o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho". Suportem as dificuldades, recebendo-as como disciplina; Deus os trata como filhos [Hebreus 12:5-7] 

Em sua soberania, nos mantendo “sob o jugo de sua disciplina, a fim de que nossa carne não se desenfreie em licenciosidade” (Hebreus - Calvino), Deus criará em nós o coração que ele nos predestinou, antes mesmo da fundação do mundo. 

Note bem. Pelo caminho da graça de Deus, (e por nenhum outro caminho) seremos o que nascemos para ser, “pois aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho."[Romanos 8:29 ] 



E para realizar seu propósito em nós, isto é, para nos transformar em pessoas conforme “à imagem de seu Filho”, ele não nos poupará derrotas e humilhações - se confiamos na soberba que há na nossa própria carne -, mas nos moerá, nos purificará no fogo, e nos lançará de cara na cinza e no pó (e muitas coisas mais), sem pedir a nossa opinião, quantas vezes achar necessário. 

Com efeito, não é sem disciplina e castigo, para o nosso bem, que fique claro, que Deus trata com a nossa alma, cura nossos vícios e transforma nossa vida, não que ele seja cruel, posto que é puro amor, mas sim porque somos demasiadamente indolentes, indulgentes, hedonistas, oportunista, miseráveis, tolos, idolatras, egoístas, vaidosos e pecadores. 

Esmagados sob o peso da mão do Senhor, muitos se rebelam, achando-se acima do bem e do mal, pulam, resmungam, gritam, dão comandos a Deus (o que eles chamam de oração), e blasfemam sem parar. Todavia, se realmente somos filhos de Deus, e não fugimos da cruz (querendo viver um cristianismo genérico), quando nos vemos sob o jugo de sua disciplina, o mínimo que podemos fazer, com espírito arrependido, firmados na certeza de que ele, nosso Deus e Pai, quer o nosso bem, é “suportar as dificuldades, recebendo-as como disciplina para nossa correção.” Pois, se Deus nos corrige é porque somos filhos, mas se nos deixa largados no mundo, seguindo o curso incerto dos desejos da carne e das paixões desenfreadas do mundo, sem disciplina e sem correção, então somos bastardos, e não filhos.

Portanto, tenham bom senso e não invejem a “boa vida”,  invariavelmente cheia de pecado, dos que estão largados no mundo e sem correção. Não andem nos seus caminhos de corrupção, mentira, vaidade, injustiça, cobiça, amargura, ansiedade, indiferença e desprezo para com o valor das coisas da verdadeira vida espiritual. Não imitem o cristianismo genérico deles, pois, é disso também - dessa inútil água com açúcar - que Deus deseja nos livrar, quando nos trata com dureza e disciplina. Pois ele, como Pai Celestial, exige de nós fé digna e verdadeira.

A felicidade deles, isto é, dos bastardos, se limita apenas à brevidade desta vida, se tanto. Como uma flor que desabrocha pela manhã e desaparece na manhã seguinte, assim é a felicidade deles. Nós, porém, que estamos sob o jugo da pedagogia da disciplina do Senhor, para que não confiemos na nossa própria carne e inteligência, mas somente na graça de Deus, fomos chamados para uma felicidade eterna, que ultrapassa todas as medidas de perdas, humilhações, afrontas, perseguições, dores e sofrimentos que sofremos neste mundo caído. 

Portanto, pela graça de Deus, levantando e fortalecendo nossas mãos enfraquecidas e firmando nossos joelhos vacilantes, tomando a nossa cruz e voltado nossos pés para o caminho reto, aceitemos, pois, sem demora e sem murmuração, com espírito agradecido e coração quebrantado, para que a paz de Deus - que excede todo entendimento humano - não tarde em chegar e inundar a nossa alma, a correção e a disciplina do Senhor, pois o Senhor disciplina a quem ama, e castiga todo aquele a quem aceita como filho.”

Noutras palavras: é para nossa salvação que a mão poderosa de Deus nos alcança e, por um pouco de tempo, para, mais tarde, produzir “fruto de justiça e paz”, nos corrige. “Pois qual é o filho a quem o pai não corrija?” [Hebreus 12:7]. Com efeito, quem se revolta contra a disciplina do Senhor, se revolta contra Deus, e despreza a sua maravilhosa graça, pois é com amor de Pai, para que vivamos de modo digno, justo e verdadeiro, que ele nos trata com disciplina e nos corrige. É isso.
_VBMello

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